quarta-feira, 22 de junho de 2022

CPI da Petrobras gera confronto dentro da base de Bolsonaro


O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, quer instalar uma CPI para investigar a Petrobras. O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, é contra. Segundo ele, “o governo é o dono da Petrobras e deveria saber o que ocorre na empresa”. Lira e Pacheco sabem que uma CPI em período eleitoral é um inferno para o governo, aguça o momento político e mistura as pautas no jogo dos candidatos. 

Os líderes do centrão, também, desistiram da ideia da CPI, por considerar uma entrega fácil para Ciro e Lula. Bolsonaro seria o culpado pela alta dos combustíveis, por não controlar uma empresa estatal e cuja diretoria foi escolhida pelo presidente da República. 

Na outra ponta, Ciro e Lula já falam em inflação alta e comida cara, há meses. Bolsonaro considerava razoável dizer que a carestia era um problema mundial, causado pela guerra na Ucrânia e pela alta do dólar, além do alto custo do petróleo. Não foi assim. Pelo contrário, a população culpa diretamente o governo pelo preço da carne, do frango, do ovo e das verduras e legumes.  

A melhor saída, talvez, esteja dentro da cabeça dos líderes do centrão. Ou seja: o governo colocar um presidente na Petrobras que reduza de 31% para 6% o lucro da empresa, o que reduziria em até R$ 2,50 o preço do litro dos combustíveis. Todas as empresas de combustíveis atuam com lucro de seis por cento, porque nesse negócio o ganho está no volume. No caso da Petrobras, que tem o monopólio, fica fácil atingir metas e lucros. 

No discurso aos eleitores, Bolsonaro tem conseguido a percepção de ser vítima de uma empresa, cujo poder é limitado e que pretende, como fez com a Polícia Federal, assumir seu controle. Bolsonaro tem pouco mais de 90 dias. Seu prazo termina em 2 de outubro, quando será julgado pelas urnas. Pode seguir, mas, também, parar.