segunda-feira, 13 de junho de 2022

Carestia entra na pauta da sucessão presidencial


A inflação é um monstro que abraça qualquer economia e derruba governos. O presidente Bolsonaro começou a se preocupar com o problema. O seu estilo liberal, com um ministro liberal, não segurou a gula do agronegócio, que visa lucro acima da média. Os produtores e empresários do setor partiram para jogar e manter os preços no alto. A inflação eclodiu. A desculpa tem sido os insumos, como os combustíveis e fertilizantes. 

O presidente Bolsonaro decidiu trocar nomes na gestão da Petrobras e no Ministério da Economia, mas não mexe no ministro Paulo Guedes, o homem que implantou o plano econômico do seu governo. O ajuste na política econômica deve ser feito pelo presidente, que sabe da necessidade de sobrevivência política, a partir dos preços da cesta básica. 

De olho na reeleição, Bolsonaro abriu várias frentes para obter êxito. No Congresso Nacional, propõe a redução do ICMS, com um teto de 17%. Joga a Eletrobrás no pacote de privatização, para justificar que só assim poderá reduzir o preço da energia. Na outra ponta, pretende criar um bônus para motoristas de caminhão, de aplicativos e de transporte urbano, para compensar os custos dos combustíveis. O tempo está passando e compor politicamente todas essas metas não será possível. 

O ex-ministro Ciro Gomes já aparece no retrovisor de Lula e Bolsonaro. Simone Tebet já pontua nas pesquisas. A campanha não começou, mas cresceu, segundo os levantamentos, o interesse da população pelas eleições. As intenções de votos estão indo para a turma de baixo, preocupando os líderes já no primeiro turno.

Se o ministro Paulo Guedes não conseguir formalizar uma espécie de pacto com o setor produtivo, para baixar os preços do arroz, feijão, carne, legumes e verduras, pode meter o governo em um beco sem saída, complicando a popularidade governamental. Bolsonaro está certo ao se preocupar com a inflação, uma ameaça a todos.