segunda-feira, 14 de março de 2022

O preço do combustível tem componente político


O preço dos combustíveis em 2022 estão subindo em uma escalada jamais registrada nas bombas. Entre janeiro e março, o   diesel subiu 48%, a gasolina 44% e o gás de cozinha 39%. Uma subida fora de controle tem justificativas que não são claras. Nos Estados Unidos, o litro da gasolina custa pouco mais  de U$ 1, cerca de R$ 5. Vejam que, apesar da voracidade dos produtores, nos Estados Unidos, ainda é possível praticar preço acessível. O governo controla com rigor, obrigando as refinarias a refinar o petróleo americano.

No Brasil, o governo federal se uniu às empresas que transportam combustíveis e aos donos de postos, com interesse eleitoral, um absurdo contra o consumidor. Outro fator que pesa no preço dos combustíveis é a necessidade que o ministro da Economia, Paulo Guedes,  tem de ofertar lucro exorbitante para exibir números estratosféricos no balcão que alimenta os investidores na bolsa de valores. 

O presidente Bolsonaro, de forma cruel, responsabiliza os governadores pelo preço dos combustíveis. O ICMS sobre eles existe há 60 anos, não é de hoje. A tática do presidente é eleitoreira e não econômica. Quem mais lucra com o comércio de combustíveis é a Petrobras. Em seguida, aparecem as distribuidoras e os postos. O consumidor paga a conta, segundo o Procon de São Paulo, órgão que mede evolução de preços. 

O preço dos combustíveis será pauta na campanha presidencial. Os candidatos devem apresentar saídas para a alta. Ciro Gomes já disse que “vai acabar com a dolarização no refino e na comercialização”. Lula já avisou que irá rever toda “gestão de preços” e Moro afirmou que a Petrobras precisa “refinar o petróleo que produz”.  

Hoje, o Brasil movimenta toda sua produção no modal rodoviário e se tornou refém dos combustíveis, principalmente o diesel. No governo José Sarney (1985-1991), começaram as obras dos modais ferroviários. No Nordeste, está em andamento a Transnordestina. As obras se arrastam. A modernização do Brasil passa por um debate técnico sobre seu futuro não eleitoreiro. Fazer chegar alimentos ao consumidor e transportar cargas e pessoas devem ser prioridades de governos, sempre, pensando-se em fretes com preços baixos e passagens que não sacrifiquem o salário miserável do trabalhador.