sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Por que o PT do Ceará precisa crescer e pretende ampliar bancada estadual e número de prefeitos, antes da eleição de 2022?

Tem um pequeno grupo de petistas cearenses insistindo com a direção nacional do partido, como que impondo condições para o PT do Ceará participar da coligação liderada pelo PDT, onde estão outros 18 partidos. Será uma inversão. Por quase oito anos, o PT lidera a aliança. Esse reduzido número de petistas quer impor o nome do candidato ao governo dentro do PDT, mesmo já tendo sido acordado que o candidato não será do time petista. O partido fará a indicação ao Senado e o nome é o governador Camilo Santana. O grupo, agora, quer pretende indicar o vice. A pedida tem como base uma provável vitória de Lula. A gula aumenta, a cada pesquisa eleitoral que consolida Lula com ampla margem de intenções de voto, podendo vencer no  primeiro turno. 

Lula e Gleisi Hoffman fizeram uma pergunta aos poucos rebeldes do Ceará. Quantos prefeitos temos na terra em que o governador é o melhor do Brasil? O silêncio foi a resposta. Depois, veio o velho jargão: o PDT não deixa. Dirigentes nacionais do PT retrucaram, informando que o PDT não tem 1/3 dos prefeitos e vários partidos fizeram muitos deles. Ouviram e não justificaram o fracasso. Lula fez a provocação porque sabia que o governador Camilo Santana, para evitar brigas paroquiais no partido, abrigou aliados em outras legendas. O governador está indo buscar e vai fazer a entrega, tornando o PT o segundo partido do Ceará, no parlamento e nos municípios. E não fez grande esforço. 

O PT, que tem 18 gestores, pode até dobrar o número de prefeitos. A engorda cacifa o partido para um debate mais equilibrado, com o PDT de Ciro e Cid, na avaliação do grupo que leva abertura de diálogos entre Lula e os líderes nos estados. 

Lula e Ciro são donos de 80% do eleitorado cearense, uma vantagem impressionante. Ciro sempre venceu o petista no Ceará e, no Brasil, tem 12% dos votos, os fiéis eleitores. A decisão dele de não votar em Haddad, em 2018, ajudou Bolsonaro a vencer a eleição. Lula quer evitar essa crise. Negociar um provável apoio de Ciro, caso o candidato do PDT não vá ao segundo turno. Este, por sua vez, tem convicção de que disputará.

As sinalizações sobre acordos nacionais, envolvendo cenários locais, faz parte da discussão. O Ceará é referência em muitos aspectos e o provável candidato Lula pode fazer uso dos números e realizações do governo Camilo. Se o governador acordar com o PDT. O que está acontecendo são pequenos  movimentos no jogo sucessório. A manobra do PT do Ceará faz parte. Lula precisa de palanque e quanto mais prefeitos, mais palanques. 

O que desagrada Lula é saber que o município de Icapuí, referência no país em modelos de gestão participativa, tem um prefeito bancado por um petista, mas filiado a outro partido. Pior: o município de Quixada, outro laboratório do PT para políticas públicas, caiu na mão da oposição, porque o PT brigou internamente. São muitas as crises que um pequeno grupo petista criou. Arrumar a casa remete, muitas vezes, à reconstrução. 

Lula quer vencer no Ceará, sem brigar com velhos aliados. Pretende conquistar uma bancada com bastante representação em Brasília. Entregou o partido e suas decisões a Camilo Santana, que pode deixar o governo ou ficar até o final do mandato. O governador cearense tem a decisão da sucessão sob seu controle. Será ministro, em um provável governo Lula e, certamente, fazendo a opção por deixar o governo e disputar o Senado. Cid já disse que Camilo “é pule de 100”.