sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Pesquisadores da Funceme contam como preveem o tempo e estudam a natureza pela tecnologia dos satélites

Desde que os satélites artificiais surgiram na história da humanidade, a partir do lançamento do Sputink-1 pelos russos, em 4 de outubro de 1957, eles vêm sendo desenvolvidos e utilizados em uma ampla gama ao redor do mundo, dentre elas na Meteorologia. No Ceará, não é diferente. Hoje, as imagens fornecidas por satélites são instrumentos para análise do estado da atmosfera e também emissão de previsão de tempo. Os recursos constituem, portanto, uma ferramenta moderna, indispensável aos meteorologistas nas suas atividades diárias de análise e previsão do tempo.



“Muitos imaginam que os satélites meteorológicos possuem instrumentos como câmera GoPro aperfeiçoada para tirar fotos da nossa atmosfera. Mas, na realidade, eles carregam radiômetros, que são instrumentos eletrônicos especiais que observam determinados comprimentos de onda da radiação eletromagnética, por exemplo, a parte visível do espectro eletromagnético e aquilo que o olho humano está acostumado a ver para a acompanhar os sistemas meteorológicos atuantes, os tipos de nuvens que aparecem na atmosfera e que podem trazer chuva”, explica o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, que é autor do livro “Satélites Meteorológicos: Imagens, aplicações e curiosidades”.

As imagens fornecidas por satélites meteorológicos são de diversos tipos e variam com os canais espectrais usados pelos radiômetros. Elas estão na faixa do visível, que o olho humano está acostumado a ver, e também no infravermelho, que é aquela parte térmica de calor.



“Na parte do visível se assemelha ao que a gente vê. Com isso, nós conseguimos observar melhor as estruturas das nuvens, o seu formato, durante o dia com iluminação pelo sol… Porque, se está falando do visível, tem que haver reflexão da luz do sol para que a imagem se torne possível. Já o infravermelho é aquele que permite ver a parte de calor, a parte térmica, então a imagem se torna visível sem iluminação solar durante o período noturno. E uma complementa a outra”, diz Fritz.




O pesquisador da Funceme comenta ainda que é possível fazer realces nessas imagens, destacando certas particularidades importantes para o estudo das nuvens. No infravermelho, por exemplo, é possível realçar a temperatura dos topos das nuvens, pois sabendo o quão frios estão, pode-se ter uma ideia mais precisa se está havendo chuva ou não associada àquela nuvem observada na imagem do satélite.




“Então, existe uma ampla gama de aplicação das imagens fornecidas por satélites meteorológicos que auxilia sobremaneira um trabalho diário do meteorologista, à semelhança, por exemplo, no caso do médico, que, por muitas vezes, para fazer um diagnóstico de uma doença de um paciente, ele precisa observar imagens fornecidas por raio-x, por tomografia computadorizada. Então, à semelhança do que acontece na área da medicina, o meteorologista necessita da imagem de satélite que tem uma grande frequência temporal. Geralmente, são várias imagens disponíveis para ele para diagnosticar melhor o estado da atmosfera presente naquele momento, e assim, conseguir, a partir desse diagnóstico, fazer uma melhor previsão do que poderá acontecer proximamente, nas próximas horas ou dias. Portanto, tem uma importância fundamental, a utilização de malhas fornecidas por satélites meteorológicos, hoje em dia, no trabalho voltado à meteorologia operacional”, finaliza o meteorologista da Funceme.