sábado, 11 de dezembro de 2021

Pandemia de Covid-19: Bolsonaro, o que custa pedir um simples comprovante de vacinação?

Como é difícil fazer o simples no governo Bolsonaro. O presidente, para manter sua linha de sempre ser contra o “normal” ou mostrar seu negacionismo, justificou sua decisão de não exigir do cidadão estrangeiro, que entra no País, o certificado de vacinação, dizendo: “Às vezes, é melhor perder a vida do que a liberdade”. A declaração surpreendeu. Os brasileiros pensavam que Bolsonaro teria aprendido um pouco, com os mais de 615 mil cadáveres da COVID-19 em solo brasileiro. A frase dele aponta para um ato cruel. 

Pior foi o ministro da Saúde, o médico Marcelo Queiroga, reproduzir a frase, para apoiar o chefe, com clara intenção de permanecer no cargo, apego comum atribuído aos bajuladores e carreiristas. Cumprir a ordem, tudo bem, mas de forma debochada, ironizar uma pauta de tamanha importância é não saber medir o valor da vida. Afinal, o papel do médico é salvar vidas e não expor a população a um vírus mortal.  

Tem uma regrinha popular que diz: “Quem não puxa saco, puxa carroça”. Uma pérola atribuída aos oportunistas, também, comum na política. Marcelo Queiroga foi fundo nesse ditado popular. Nordestino da Paraíba, Queiroga envergonhou toda a tradição  da sua terra de grandes pensadores do solo do semiárido, como Augusto dos Anjos, e políticos como Epitácio Pessoa, que governou o Brasil. Ser medíocre para ficar no cargo pode ser, mas em alta escala exala mediocridade. Foi o que fez o ministro, que é pago pela Nação para cuidar e proteger 210 milhões pessoas. 

Conversando em qualquer mesa de café, almoço ou jantar, no subúrbio ou no baronato, entre pobres e ricos, não existe rejeição à ideia de apresentar um cartão de vacinação. Qualquer salão de beleza ou restaurante até gosta porque garante proteção. A polêmica parece, nesse caso, preceder a proteção ao cidadão. No universo das doenças que são virais e ameaçam a população mundial, se servir de medidas de prevenção parece ser saudável. 

Nos campos da política e do judiciário, o presidente parece querer produzir mais um confronto, com clara intenção de abalar as estruturas e chamar atenção da mídia, para se manter como primeira pauta nas redações e no seu deslumbre de internauta. Bolsonaro insiste em governar para seus seguidores nas redes sociais e não dá bola para os seus governados. 

Para um governante apaixonado por violência, Bolsonaro deveria ser informado pelo seu medíocre ministro da Saúde que a gripe espanhola, um vírus que surgiu em 1918, matou mais de 50 milhões de pessoas, em dois anos, um número equivalente ao de guerras mundiais. Estamos falando de um tempo onde a tecnologia não tinha os atributos de hoje, quando rapidamente se pode controlar o coronavírus com vacinas, mas é impossível saber sobre suas variantes. 

O passaporte ou carteira de vacinação, em um país como o Brasil, onde a população precisa de proteção, por conta da pobreza e da falta educação, o presidente não deveria intervir em casos que exigem o respeito às decisões científicas. Apenas apoiaria. Um político pode até fazer o papel de ator, para ser diferente, desde que sua diversão não apague ou cancele o CPF dos seus governados.