segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

O palanque de Bolsonaro montado no Palácio do Planalto, onde humilha e ataca adversários, mas o Ministério Público Eleitoral não enxerga

Todas as quintas-feiras, o presidente da República, Jair Bolsonaro, ativa seu estúdio, para atacar quem não concorda com as ações de  governo e do seu comportamento ardiloso, sarcástico, cruel e desumano. “Para que vacinar crianças a partir de 5 anos?”, disse ele, rindo, para em seguida, usando o mesmo riso declarar que “Cirão não tem nenhum envolvimento nessa ação da federal autorizada pela justiça, nem no Acre, também”. 

O presidente se diverte como se fosse o Coringa, o inimigo do Batman, ou Dr. Eggman, vilão do Sonic, o herói das crianças, ágil e valente. Os dois antagonistas têm em comum  o ódio e a crueldade dentro de suas almas.

A metralhadora ativada a partir do Palácio da Alvorada está sempre apontada para o Supremo Tribunal Federal e os ministros que impedem ações autoritárias de Bolsonaro, que remetem à ditadura ou ao totalitarismo. Um exemplo: Bolsonaro não quer que passageiro de avião apresente cartão de vacinação, enquanto o Mundo exige. No STF, o ministro Nunes Marques evitou a derrota do presidente na questão, pedindo vistas e adiando para 2022 a decisão, o que agradou ao chefe. Bolsonaro, fica feliz porque o adiamento provoca prejuízo ao Judiciário. Já o Congresso Nacional saiu da mira do presidente, porque ele derramou cerca de R$ 31 bilhões em emendas secretas, “acalmando” deputados e senadores. 

Bolsonaro pouco fala das ações de governo. O pequeno espaço é dedicado a processos de privatização. Não se quer aqui fazer papel só de cobrança. Esse governo tem algumas coisas positivas, como o PIX. Tem ainda o Auxílio Brasil, a continuidade do Vale Gás e a vacinação, iniciativas saídas do parlamento e encampadas pelo governo, após pressão. O presidente é contra. Está fazendo cumprir esses programas por motivações eleitorais. É pouca coisa, mas, para quem planta um “pé de briga” todos os dias, como afirmou o deputado federal Odorico Monteiro (PSB-CE)

E onde anda o Ministério Público Eleitoral? Como diria Chico Anisio, calado. O presidente suspendeu as carreatas, motociatas e comícios, pagos com recursos públicos, após denúncias da imprensa  que ele odeia e ações na justiça impetradas por partidos de oposição e cidadãos vigilantes. O MP precisa intervir, para evitar o pior dos cenários eleitorais. O equilíbrio na pré-campanha fará diferença. O uso da máquina pública, por qualquer postulante ao Palácio do Planalto, deve ser combatido.

As pesquisas mostram que a tática de “galo-campina” do presidente não deu certo. São 53% de rejeição, 20% de intenção de votos e 40% dos que votaram nele, em 2018, não devem repetir o voto. Lula lidera com mais do dobro. A única informação boa da pesquisa para Bolsonaro é de que Sérgio Moro não decolou. Ciro segue na terceira posição, mesmo bombardeado pelo presidente e o fogo amigo. 

Exibindo amadurecimento, o ex-presidente Lula, segue distante do confronto com Bolsonaro e outros adversários. Cumpre agenda no exterior, em meio à multidões, como ocorreu na Europa e Argentina. No Brasil, promove reuniões e encontros com plateias em articulações a preparar alianças para 2022, envolvendo o PT. Lula descobriu que o estúdio de Bolsonaro, usado para disparar ofensas e deboches, não vale a pena inserir no contexto. Ele trata Bolsonaro como um “vulto”, algo que nem se enxerga, com completo desprezo.