quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Bolsonaro chega ao PL e veste a farda de chefe do centrão

O presidente Jair Bolsonaro assinou sua ficha de filiação ao Partido Liberal (PL) partido tradicionalmente governista, que sempre está ao lado de quem estiver de plantão na presidência, no Palácio do Planalto. Na solenidade, o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, abonou a ficha de filiação e entregou a Bolsonaro o controle do partido em todo o País, para indicar candidatos aos governos estaduais e ao Senado Federal. 

A festa de filiação contou com a presença de ministros, presidentes de estatais, ocupantes de altos cargos na estrutura de governo, prefeitos, deputados e senadores. “O ato foi a festa do centrão, tudo que Bolsonaro e os generais negaram”, comentou o deputado José Guimarães (PT), líder das minorias na Câmara Federal.  

No seu discurso, para justificar a chegada de Bolsonaro ao partido, Valdemar Costa Neto disse que o presidente é bem vindo porque “criou o Auxílio Brasil, estimulou o Agronegócio, combateu a pandemia de Covid-19 e luta por democracia”, pontuou. Bolsonaro agradeceu e disse que se sente bem no PL porque tem amigos no partido e passou 28 anos no Congresso, junto com muitos e seguindo os amigos e muitas vezes votando tudo, a favor e Cintra”. O presidente citou todos os seus ministros presentes e disse que “tirou o Brasil da mão das esquerdas”. 

Bolsonaro, no seu primeiro ato após se filiar, anunciou a intenção de colocar o ministro Tarcísio de Freitas candidato ao governo de São Paulo. No Rio de Janeiro, apontou o atual governador Cláudio Castro candidato à reeleição. Em Santa Catarina, quer lançar o senador Jorginho Melo candidato ao governo. O ministro Rogério Marinho, o senador Flávio Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, também, se filiaram ao PL.  

Os militares não acompanharam o presidente Bolsonaro no seu voo ou projeto de chefe do centrão para disputar uma reeleição. Não apareceram na solenidade. A foto do presidente ao lado de Arthur Lira, Ciro Nogueira, Valdemar Costa Neto e Marco Pereira não agrada o comando militar, que planejou libertar o país do centrão. 

Nos estados, não será fácil compor chapas para disputar governos e Senado. O PL não tem grandes bases, é um nanico na área das gestões, mas tem forte base parlamentar. No Ceará, será difícil juntar o PL ao grupo que flutua na oposição ao governador Camilo Santana. Dificilmente, o presidente do PL no Estado, Acilon Gonçalves, partirá para um projeto. Deverá ficar onde está. Sem envolvimento e liberando seus filiados a apoiarem o que os prefeitos decidirem.

A tática a ser usada pelo PL para levantar a bandeira de Bolsonaro em todo o país será uma tarefa difícil, mas não impossível. Derretendo como sorvete, após sair do freezer, o presidente terá muito trabalho para conquistar um lugar no segundo turno, conforme as pesquisas. Com Lula liderando-as, com folga, o seu segundo lugar está ficando desconfortável, dada a aproximação de Moro e Ciro Gomes, que ultrapassaram dois dígitos. Ou seja mais de 10% das intenções de votos. 

As próximas consultas populares dirão se Bolsonaro acertou ao escolher o centrão como parceiro para o plano de reeleição.  Algo ele já percebeu: a campanha de 2022 não será fácil como em 2018. O impulsionador Sérgio Moro está no mesmo voo, mas como adversário.