sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Polícia e Cremesp investigam cirurgião plástico suspeito de deformar nariz de pacientes

 


 A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) iniciaram investigações sobre um cirurgião plástico suspeito de deformar o nariz de cerca de 30 pacientes.


Alan Landecker é especialista em rinoplastia, possui extenso currículo com passagens pelas universidades de São Paulo e do Texas, além da Clínica Ivo Pitanguy, atua em seu próprio estabelecimento no Jardim Paulistano, bairro nobre da Zona Sul da cidade de São Paulo, e compõe o corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês, Albert Einstein e Vila Nova Star.


O médico repudiou as acusações e afirmou, por meio de nota, que pacientes tiveram infecções por conta de bactérias hospitalares.


Dezenas de pacientes dele, contudo, denunciam que após os procedimentos foram acometidos por infecções bacterianas, que resultaram em deformações, perda olfato e perfuração devido ao apodrecimento da pele. O caso foi revelado pela Folha de São Paulo nesta quarta-feira (3).


Um dos casos é o do empresário Veraldino de Freitas Júnior, de 35 anos, que realizou a cirurgia com o médico no Hospital Sírio Libanês em setembro de 2020 e continua com uma ferida aberta, tentando se curar de uma grave infecção.

"No pós-operatório, meu nariz não desinchou, com o passar dos dias começou a feder, com as pessoas do meu convívio percebendo o odor insuportável, até que no 15º dia abriu uma ferida", contou ao g1, acrescentando que foi o início de uma saga que já lhe custou R$ 300 mil, outras três cirurgias, o uso intravenoso de antibióticos duas vezes ao dia e sua saúde emocional.


"Não sabemos de quem é a responsabilidade pela infecção porque aconteceu no ambiente hospitalar, mas a grande falha comigo e com os outros foi a negligência de sempre amenizar a situação, dizendo que era normal e que ia passar, ou jogando a responsabilidade pra gente, dizendo que não cuidamos adequadamente do local. Meu infectologista explicou que a contaminação aconteceu no primeiro ato cirúrgico e que, desde então, o tratamento aconteceu de forma incorreta", continuou.

Após assistir a uma live em que a modelo Sarah Cardoso relatava o mesmo problema, Veraldino entrou em contato com ela, descobriu que o médico que a atendera também foi Landecker e que havia um grupo no Whatsapp chamado "Pacientes do Alan", com 30 pessoas com complicações semelhantes, embora as infecções sejam por diferentes tipos de bactérias.


Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que "os casos são investigados pelo 15º DP e pelo 34º DP. Foram solicitados exames de corpo de delito para as vítimas que já prestaram esclarecimento, sendo que os resultados estão em andamento e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial".

A SSP informou ainda que "oitiva do médico investigado será realizada no decorrer do andamento das investigações".


O que diz o cirurgião

A reportagem procurou o médico Alan Landecker e, em nota assinada pelos advogados Daniel Bialski e Fernando Lottenberg, repudiou as acusações, atribuiu os problemas ao descumprimento dos pacientes sobre as orientações e informou que está acionando a Justiça contra os ataques que têm sido feitos contra ele.