sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Ciro tem alertado Lula e partidos de centro-esquerda sobre risco de derrota, por conta do desgaste provocado pela Lava Jato

O ex-ministro Ciro Gomes tem dado demonstrações claras de lealdade ao projeto nacional de centro esquerda para governar o Brasil unido e com metas para tirar o país do atoleiro. Não tem obtido resposta e passou a endurecer o discurso para que os líderes da oposição e o próprio Lula compreenda a mensagem, o recado. “Tenho feito muito esforço para unir líderes em torno de um plano para salvar o Brasil de estagiários e promover uma gestão com metas ousadas de recuperação da economia, resgate  da dívida social e construção de uma indústria forte e um comércio aquecido”, diz Ciro, em todas as palestras e entrevistas.


O que irrita Ciro Gomes não é somente a soberba do ex-presidente Lula, mas todo o seu entorno, que se nega a admitir o desgaste dele, Lula, do PT e mais, a crise política que se instalará no país, dando sequência ao momento que estamos atravessando. Esse olhar, na visão de Ciro, o ex-presidente Lula precisa ter e necessita avaliar cenários em prol do Brasil. O alerta do pré-candidato do PDT faz sentido e tem viés republicano. Ciro nunca deixou de reconhecer a liderança de Lula, seus valores, a injustiça cometida pela Lava Jato, que, na sua visão, exagerou na dosagem em sentenças contra Lula. Mas Ciro Gomes não admite o descaso com a realidade, com o que está dentro das mentes das pessoas, sejam pobres ou ricos. 


O próximo ocupante da cadeira presidencial no Palácio do Planalto está entre Bolsonaro, Lula e Ciro Gomes. Para o presidente, que pretende disputar a reeleição, a briga entre Lula e Ciro pode facilitar o caminho da vitoria. Bolsonaro foi beneficiado em 2018 por conta da decisão de Ciro de não apoiar Fernando Haddad e liberar  seus 13 milhões e 300 mil eleitores. Bolsonaro venceu Haddad por diferença de 10 milhões de votos, Ciro seria decisivo, mas não apoio porque, segundo ele, foi “enganado” por Lula, que acertou que Ciro seria o candidato e lançou Haddad.


No mundo petista, a Lava Jato foi um plano diabólico para defenestrar o PT do poder e prender o líder mais popular do Brasil como um grande corrupto e chefe de quadrilha. Nessa linha de pensamento, destruir Lula  foi um plano traçado pelo então juiz Sérgio Mouro, um grupo de procuradores da República, liderado por Deltan Dallagnol para eleger Bolsonaro ou Moro presidente do Brasil, a partir das prisões e julgamentos da justiça na Operação Lava Jato, e que será fácil provar o esquema à nação. Não será fácil. O eleitor pode seguir votando em Lula, 

mas tem plena consciência da roubalheira nos governos do PT, até porque vários executivos da Petrobras e agentes  públicos e privados devolveram dinheiro roubado, ressarcindo ao erário bilhões recebidos em propinas e superfaturamento em contratos.


A pré-campanha aqueceu com os movimentos e declarações mais profundas. Ciro revelou que Lula participou da trama que derrubou o governo Dilma e lhe cassou o mandato. Lula, mesmo frio, assimilou o golpe, a temperatura  esquentou. Lula disse que a Covid “atingiu o cérebro” de Ciro e  a ex-presidente Dilma entrou no debate, mais uma vez de forma não inteligente, tentando explicar que as revelações de Ciro Gomes são “eleitoreiras”.  Ciro parece ter passado a ser ouvido pelo time de Lula. 


No Ceará, PDT e PT são aliados e existe harmonia,  a única resistente tem sido a ex-prefeita Luizianne Lins, que até agora não digeriu a derrota, em 2012, do seu candidato a prefeito Elmano de Freitas para Roberto Cláudio, que foi bom gestor e caminha para ser governador apoiado, pelo governador do PT, Camilo Santana. A leitura que se faz até aqui remete ao desinteresse do partido de Ciro e Cid em manter aliança com o PT. O casamento parece se manter graças ao articulado Camilo Santana, que trabalha por uma junção entre Ciro e Lula e uma ampla aliança no território cearense e no restante do país, para derrotar Bolsonaro.