domingo, 26 de setembro de 2021

CNC projeta maior oferta de vagas temporárias de natal dos últimos oito anos


Desaceleração consistente da pandemia e aumento da circulação de consumidores deverão elevar as vendas em3,8% na comparação com o Natal passado. Entidade projeta a criação de 94,2 mil vagas– maior volume de oferta de vagas desde 2013 (115,8 mil).


Com expectativa de aumento de 3,8% nas vendas de Natal em relação à mesma data do ano passado, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima a contratação de 94,2 mil trabalhadores temporários para atender ao aumento sazonal das vendas neste fim de ano. Uma vez confirmada a previsão da entidade, o varejo brasileiro produziria a maior oferta de trabalho temporário desde o Natal de 2013, quando foram abertos 115,5 mil postos de trabalho com essas características.


Até o início da recessão econômica de 2015/2016, a temporada de oferta de vagas no varejo costumavaocorrerentreosmesesdesetembroenovembro.Entretanto,alentidãonarecuperação doconsumoapósaqueleperíodotemlevadoasempresasdosetora postergaremaoferta de vagas até a primeira metade do mês de dezembro.


Em 2020, a principal data comemorativa do comércio varejista coincidiu com a ocorrência da segunda onda de Covid-19, reduzindo a circulação de consumidores no fim do ano. Assim, a demanda por trabalhadores de temporários naquele ano (68,3 mil) foi a menor desde 2015 (67,4 mil). As previsões da CNC são baseadas em aspectos sazonais das admissões e desligamentos no comércio varejista, registrados mensalmente através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A despeito do patamar elevado da inflação e do encarecimento do crédito às famílias, o avanço no combate à pandemia por meio da ampliação da vacinação tem garantido o aumento da circulação dos consumidores nos estabelecimentos comerciais e, consequentemente, avanços sucessivos nas vendas desde o retrocesso da segunda onda da pandemia a partir de abril deste ano.


Segundo acompanhamento do Google Mobility, o pior mês do varejo brasileiro (abril de 2020) coincidiu com a queda na circulação de consumidores em áreas comerciais. Com a redução de 58% na concentração de consumidores em relação ao período pré-pandemia, as vendas encolheram 18,6% nos dois primeiros meses de pandemia.


A partir de maio de 2020 e ao longo do segundo semestre do ano passado, as vendas reagiram à tendência de queda no isolamento social da população, voltando a regredir nos três primeiros meses desteano.Nosmesessubsequentes,houveaumentossucessivosdecirculaçãodeconsumidores no varejo.Apesar disso, ao final de agosto,a concentração de consumidores em áreas comerciais ainda estava 12,4% abaixo do nível pré-pandemia.


Os maiores volumes de contratações deverão se dar nos ramos de vestuário (57,91 mil vagas) e de hiper e supermercados (18,99 mil). Dentre os dez segmentos do varejo, as lojas de vestuário, acessórios e calçados são, historicamente, as mais positivamente afetadas pelas vendas natalinas. 

Enquanto o faturamento do varejo cresce em média 34% na passagem de novembro para dezembro, no segmento de vestuário o faturamento costuma subir 90%.


Regionalmente, São Paulo (25,55 mil), Minas Gerais (10,67 mil), Rio de Janeiro (7,63 mil) e Paraná (7,19 mil) concentrarão mais da metade (54%) da oferta de vagas para o Natal deste ano. Nessas regiões, a CNC projeta variações das vendas locais em relação ao Natal passado de +7,2%, +6,0%, +5,8% e +6,6%, respectivamente.


O salário médio de admissão deverá alcançar R$ 1.608, avançando, portanto, 5,1% em termos nominais na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a remuneração média ficou em R$ 1.531. O maior salário de admissão deverá ser pago pelas lojas especializadas na venda de produtos de informática e comunicação (R$ 1.866), seguidas pelo ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos (R$ 1.647). Contudo, esses segmentos deverão responder por apenas 0,8% das vagas totais a serem criadas.


Oito em cada dez vagas ofertadas deverão ser preenchidas por vendedores (60,7 mil) e operadores de caixa (15,2 mil). Já os maiores salários médios deverão ser pagos aos contratados para os cargos de farmacêutico (R$ 3.373) e gerente administrativo (R$ 3.054).

Além da maior oferta de vagas,a taxa de efetivação dos trabalhadores temporários deverá ser maior do que nos últimos cinco anos, com a expectativa de absorção definitiva de 12,2% desses trabalhadores. As incertezas quanto à rapidez no combate aos fatores que têm dificultado uma evolução ainda mais favorável das condições de consumo e os desdobramentos decorrentes da crise hídrica tendem a impedir uma taxa de efetivação próxima àquelas observadas antes de 2016.