terça-feira, 10 de agosto de 2021

Ciro Gomes diz que parte da cúpula militar está sendo transformada em partido miliciano



“Achava que os militares seriam uma espécie de poder moderador. Mordi a língua porque ao invés de os militares moderarem o Bolsonaro, o Bolsonaro subornou essa cúpula militar que está perigosamente sendo transformada em um partido político miliciano”. A afirmação foi feita pelo pré-candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, nesta segunda-feira (09/08), durante entrevista ao programa Conversa com Bial.


Ciro lembrou que Bolsonaro sempre foi ligado à tortura, ao banditismo institucionalizado e às milícias e agora está tentando subornar parte das forças armadas e das políticas militares para tentar dar um golpe. “Isso é o que temos que enfrentar agora. O Bolsonaro subornou e corrompeu parte das forças armadas e das PM´s e, no delírio dele, é com isso que ele vai enfrentar a democracia. É um delírio”, avaliou.


O pré-candidato defendeu ainda que é preciso que Judiciário e Legislativo façam sua parte no enfrentamento da crise institucional que vem sendo induzida por Bolsonaro na tentativa de desviar a atenção. “Quarenta milhões de pessoas em trabalho precarizado, o salário mínimo com o menor poder de compra dos últimos 16 anos, a inflação do atacado de 35% ao ano e o Bolsonaro tem conseguido desviar o assunto para voto impresso e para esse conflito retórico com o Tribunal. Tínhamos que estar forçando o debate para aqueles assuntos que de fato interessam ao povo e desqualificam o Bolsonaro no seu mérito”, defendeu.


Para isso, Ciro fez uma conclamação ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira e ao conjunto de parlamentares do Congresso Nacional, para que coloquem ordem na casa. “Precisamos carregar na pressão e dizer ao conjunto do Parlamento que estão prevaricando, eles têm uma responsabilidade indeclinável e insubstituível de botar ordem nesse caos institucional que o Bolsonaro está buscando”, disse.


Eleições 2022

Quando Bial tratou de eleições 2022, questionou se Ciro seria a terceira via e ele não titubeou: “sou a primeira”, respondeu. “Vou dar um palpite, acho que o Bolsonaro não estará nas eleições e, em estando, provavelmente não estará no segundo turno”, completou.


Ciro defendeu, no entanto, que quem vencer as eleições precisa urgentemente mudar o modelo econômico e de governança do Brasil, que permanecem o mesmo há décadas, inclusive com Lula, Dilma e Bolsonaro. “O que está acontecendo no governo Bolsonaro? É o mesmo modelo econômico do governo do Lula. Claro que o Bolsonaro e o Lula são pessoas absolutamente distintas uma da outra, mas é a mesma governança e o mesmo modelo econômico. Se a gente não entender isso o debate vai ficar restrito a picanha/cerveja x filhos ladrões do Bolsonaro. O Brasil não aguenta isso”, ponderou.


Música e religião

Durante e entrevista, Ciro falou ainda sobre sua relação com a religião, tendo participado da juventude franciscana e tido o ex-arcebispo de Fortaleza Dom Aloísio Lorscheider como mentor; e com a música, lembrando episódios em que se aventurou a cantar com a sambista Alcione, de quem é muito fã, e com seu amigo Raimundo Fagner.