quarta-feira, 28 de julho de 2021

Bolsonaro vai montar um novo governo

 


O presidente Jair Bolsonaro está dando as cartas, agora combinando com o “Centrão”. A chegada do senador Ciro Nogueira a Casa Civil é o primeiro passo de profundas mudanças no seu estilo de governar e, claro, de remover ministros. Bolsonaro está buscando canais para tirar seu governo do chão e fazer decolar. Até aqui foi somente “blá-blá-blá”, dizem os próprios aliados que consideram a atual gestão com as peças que tem desconectado com o povão e sintonizado com seguidores de Instagram. 


A linha do tempo parece ter criado algum efeito nas madrugadas de insônia do presidente. Bolsonaro parece procurar respostas para seu governo, e, quando olha para seus ministros, parece não enxergar algo importante: resultados.  No campo político, o desastre é maior. O seu gabinete não consegue se mover para mediar vitórias no Congresso Nacional e atenuar a tensão constante com o Supremo Tribunal Federal. São muitas pautas e poucas vitórias. 


Um dos grandes erros políticos de Bolsonaro foi não evitar a CPI da COVID-19 e atentar para o grau de desgaste que provocaria. A avaliação foi mal calculada. A comissão jogou para o alto através da mídia os erros do governo durante a pandemia e derrubou a imagem do presidente e seu governo. Agora é tentar evitar o pior. 


A virada completa no modelo de governar se dará com reformas mais profundas, como a tributária e política. As duas vão virar minirreformas, desgastando ainda mais a relação do governo com o empresariado que esperava um governo transformador na área econômica. Em Brasília, já se fala na saída de Paulo Guedes, um ministro muito mais voltado na defesa do mercado financeiro, das bolsas e banqueiros em detrimento das políticas públicas. Ciro Gomes atingiu Guedes no fígado ao denunciar que o Brasil gasta 51% do que arrecada pagando juros a bancos e ao mercado financeiro. 


Ciro Nogueira terá a difícil missão de transformar, ao lado de Bolsonaro, um governo que tinha tudo para aplicar um mata leão na corrupção, no sistema financeiro arcaico, na estrutura de empresas deficitárias e na medíocre forma que tomou conta a máquina pública. No campo da previdência o atual governo não só trabalhou para abortar como contribuiu para engordar os gastos aumentando aposentadorias da elite do serviço público, incluindo civis e militares. 


O “Centrão” pela primeira vez chega ao cargo mais importante da república. Ciro Nogueira vai continuar sua missão de fortalecer o parlamento. Ele sabe que um presidente só governa se tiver o apoio da maioria do Congresso. O presidente pouco importa. Ciro Nogueira vai garantir Bolsonaro no cargo, sua reeleição é outra coisa