quinta-feira, 13 de maio de 2021

Pesquisadora cearense conquista prêmio internacional com projeto de doutorado sobre habitação e Covid-19 no Brasil

 


Investigar e compreender as possíveis relações entre habitação e a pandemia da Covid-19 no Brasil. Esse é objetivo da pesquisa de doutorado da geógrafa cearense Sharon Dias que, em janeiro deste ano, foi premiada pela International Development Research Center (IDRC). Com a premiação, a pesquisa entrou na fase de coleta de dados e tem o apoio de diversas instituições cearenses, dentre elas a Universidade Estadual do Ceará (Uece), por meio do Programa de Pós-Graduação em Geografia.


Moradora de Maracanaú, cidade da região metropolitana de Fortaleza, e egressa da rede pública estadual de ensino, Sharon cursou graduação e mestrado na Uece. Em 2018, a pesquisadora iniciou o projeto de doutorado na Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, em cotutela com a University of Victoria, no Canadá – país onde reside atualmente.


A pesquisa

Ao levar para o doutorado no exterior questionamentos que também falam sobre sua própria trajetória, Sharon abriu possibilidades para olhar a realidade de milhões de brasileiros e, a partir disso, contribuir para a elaboração de políticas públicas eficazes. “A principal questão do projeto antes da pandemia era: quais são os desafios ou como está o cotidiano dessas famílias vivendo ou não em situação de precariedade habitacional ou vivendo em grande conjuntos de habitação de interesse social; quais lições nós podemos aprender a partir dos cotidianos dessas famílias para desenvolver novas políticas públicas e projetos que atendam suas necessidades; quais possíveis sugestões podemos deixar como legado para o desenvolvimento de novas políticas urbanas e habitacionais”, lembra.


Até 2020, o projeto de pesquisa em desenvolvimento não incluía questões sobre os impactos de uma pandemia. “Habitação se coloca como vital para proteção contra o momento pandêmico. Então, o foco do projeto foi reformulado para tentar compreender o cotidiano, desafios e problemas vivenciados por famílias em situação de inadequação habitacional e em grandes conjuntos habitacionais no contexto da pandemia da Covid-19”.

A pesquisadora explica que o foco territorial da pesquisa também precisou ser alterado. “O recorte era Fortaleza e região metropolitana. Especificamente Fortaleza, Capital, e Maracanaú, que é onde eu cresci, num conjunto habitacional também. Então, o foco territorial do projeto antes da pandemia seriam essas duas cidades. Com a chegada da pandemia e, também, com o aporte de mais recursos e, até mesmo, mudando para fazer grande parte da pesquisa online, nós conseguimos ampliar o território para olhar, especificamente, para o Estado do Ceará, focando em Fortaleza e toda região metropolitana, mas, também, dialogando e adicionando dados de todo o Nordeste”, detalha.

Assim, a pesquisa, intitulada Insegurança à moradia e direitos à moradia de minorias em tempos de financeirização e Covid-19: Lições de comunidades pobres do Nordeste do Brasil, pretende auxiliar no avanço do conhecimento na área de estudos urbanos, política habitacional, desenvolvimento habitacional, governança inclusiva e saúde pública.