sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Deputado Daniel Silveira cumpriu sua missão, ao levar aos brasileiros mensagem, na qual a Alta Corte é corrupta e tem depravados. Agora, terá que provar na justiça

O deputado Daniel Silveira (PSL), em linguagem vulgar, detonou o Supremo Tribunal Federal e seus 11 membros. No seu vídeo, desqualificou a todos, como em roteiro pré-pronto. Ele sabia o que estava falando, na verdade, executando um plano. Sua meta era levar aos brasileiros a mensagem, na qual a suprema corte brasileira é um antro de julgadores corruptos e depravados. 

Ao sentir a força do vídeo nas redes sociais, o ministro Alexandre Moraes, que investiga um grupo de extrema direita a violar a Lei de Segurança Nacional, identificou o ataque mais cruel contra o STF e a democracia, já que o parlamentar defendeu a volta do A-5, para defenestrar todos os ministros. Ora, o lutador e deputado Daniel Silveira foi além da sua capa de aço, que é a imunidade parlamentar, ao atacar, de uma só vez, a honra das mais  relevantes autoridades da Nação. 

O deputado bolsonarista defender a volta dos militares e seus governos, ações voltadas aos regimes duros, é algo que faz parte do debate. É tolerável. O pluralismo do Congresso Nacional propõe todo debate, todas as ideias, ideologias. A desobediência até se faz necessária, para defender opinões. O problema do deputado foi atingir o poder judiciário, um dos pilares da democracia. A instituição deve ser protegida. A decisão de prendê-lo foi pela soma dos seus gestos e não apenas por conta de um roteiro infeliz. 

O Brasil, que deveria estar debatendo saídas para comprar vacinas, imunizar seu povo e buscar um formato para socorrer financeiramente trabalhadores, que estão falidos por conta das medidas restritivas, gasta energia com um parlamentar depravado, muito mais conhecido pelo que faz de errado, como policial e agressor, do que propriamente como homem público. Foram as apostas cariocas para melhorar o Brasil, na sua forma debochada de votar, exaltando o papel das milícias nas urnas. 

Âncora de um grupo propenso a se destacar no cenário nacional, propondo o fim da ideologia de esquerda, o lutador de muay thay, deputado Daniel Silveira, vai atingindo sua meta, ao ficar conhecido e disseminar a ideologia da extrema direita. Nesse aspecto, ele está correto. Contê-lo é papel da justiça e do eleitor, que devem avaliar se ele merece ou não seguir em frente. 

Ulisses Guimarães, o pai da Constituição de 1988 e que a batizou de “Cidadã“, dizia que “o remédio para democracia, é mais democracia”. Ele fazia essas referências, todas as vezes que brasileiros com viés autoritário propunham caminhos fora do ideário constitucional, para tentar buscar saídas em tempos nebulosos. O velho Ulisses, sempre, tinha razão. O diálogo constrói saídas. Será o caso desse momento de trevas imposto por grupos extremados. 

O governador Camilo Santana, no seu texto em tom de apelo, justificando medidas restritivas, implora por união e compreensão, para sairmos desse pesadelo provocado pela Covid 19. Seu relato comove. Só não consegue atingir o coração dos muitos Daniel Silveira que temos na sociedade. Simplesmente, são contra o normal, distribuindo e destilando ódio, no momento em que precisamos de paz e harmonia.