O cidadão responsável, aquele que vive dentro da realidade, acompanhando a marcha dos números da Covid-19 no Ceará, atendeu à orientação do governador de celebrar o carnaval, exigindo da sua família fazer cumprir os devidos protocolos. Um vídeo maldoso, intempestivo e grosseiro, mostra um ônibus lotado com o texto: “No ônibus lotado, não tem Covid, mas no bar, na barraca e no carnaval você morre de Covid”. A comparação é infeliz e irresponsável. No coletivo, as pessoas se protegem com máscaras e o ônibus é higienizado, a cada viagem. No bar, bêbados esquecem medidas sanitárias, jogam a máscara no copo e se afogam no prazer, mandando para o espaço todas as medidas. Não é preciso ser especialista para tirar conclusões. O carnaval seria o caos, a promoção do genocídio.
No Ceará, 10.168 pessoas morreram por conta da Covid 19. Só em 2021, no ano novo, 168 cearenses perderam a vida, apesar de todas as medidas restritivas. A boiada solta no carnaval pode produzir efeito multiplicador, devastando o interior, contaminando em massa, matando em quantidade.
Ao assumir o desafio de eliminar o carnaval do calendário, o governador cearense saiu do lugar comum. Produziu um movimento contrário aos defensores da festa. Seria mais fácil apoiar, óbvio, mas Camilo entrou no desafio. Hoje, o Brasil riscou o carnaval do calendário de festejos, pelo menos em 2021. Todos estamos no “bloco pela vida”.
Nesta segunda-feira, 15, estaríamos contando os mortos em brigas, lutas, agressões motivadas pelo alcoolismo. Também, fazendo estatísticas sobre contaminados por Covid-19. Muitos entrariam na planilha dos mortos em futuro próximo. De qualquer maneira, sem o carnaval, teremos vidas salvas.
O bloqueio nacional criado pelos governos estaduais é a demonstração óbvia da unanimidade de pensamentos sobre o combate à transmissão do vírus entre estados, capitais e o interior do país. Nos aeroportos e rodoviárias, o usuário só se move, caso apresente, além do bilhete, comprovante de hospedagem ou compromisso de viagem profissional. Sem os feriados, não tem viagem liberada a passeio.
O governador Camilo Santana ressalta o importante papel dos prefeitos. Suas cidades terão a difícil tarefa de segurar as festas, sejam em beiras de praia e rios ou na rua, em bares e sítios. Para ajudar, os prefeitos terão todo aparato do Estado para colocar ordem. O aparelho repressivo estará à disposição. Não teremos um só dia de folga no serviço público.
No Ceará, Aracati, Beberibe e Eusébio são os bloqueios para o litoral oeste. Do outro lado, Caucaia, Trairi, Itapipoca e Jericoacoara estarão fechadas para quem não justificar a viagem. Em Sobral , a porteira fechou na sexta-feira e o Cariri está isolado.
O folião precisa entender que as barreiras são sanitárias, em apoio à saúde, e não contra o cidadão.