segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Governadores e prefeitos viabilizaram vacinação, ensinando logística ao general Pazuello

Enfim, teremos vacina e vacinação, no dia “D” e na hora “H”, no próximo 20 de janeiro. Os governadores e prefeitos conseguiram convencer e vencer o presidente cabeça dura Jair Bolsonaro e seu pau-mandado, o general Pazuello, ministro da Saúde. 

Não foi fácil. Os governadores gastaram 10 meses para provar que o Brasil tem o melhor sistema de imunização do planeta, desenvolvido por servidores públicos, que são apaixonados pelo que fazem. Pazuello tentou meter o Exército no processo. Mas prevaleceu o ensinamento, com lições duras do dia a dia, onde Pazuello apanhou muito até aprender que existe o Estado além dos militares. 

A camisa de força foi retirada. Bolsonaro ordenou a compra de vacinas, sem registro na Anvisa, atropelando o governador Dória, que tinha marcado a data do início da vacinação. Conseguiu seringas, agulhas, álcool, algodão, milhares de vacinadores e centenas de médicos para acompanhar a imunização. Todo arsenal fornecido por governadores e prefeitos, sem custo. Todos os vacinadores serão os mesmos que, todos os anos, participam de 10 campanhas de vacinação nacionais e imunizam milhões nos postos de saúde. 

O Brasil teria, com certeza, resultados diferentes sobre mortes e casos de Covid 19, se o presidente houvesse coordenado, através do Ministério da Saúde , as ações de combate à doença.  Não teríamos tido a triste discussão sobre como efetuar uma ação que protegesse os brasileiros. Certamente o número de mortes seria menor. Afinal, 210 mil vidas têm peso muito forte entre as famílias e não deixa de ser um registro negativo para uma nação.

O ministro Pazuello não é o nome ideal para o cargo que ocupa. Ele é um militar que foi forjado no exercício de comandar tropas, jamais pensou em sentar na mesa, em uma roda de médicos e cientistas, para debater doenças do cotidiano. O ministro não é convidado para debater sobre saúde pública, doenças endêmicas e funcionamento de hospitais. Seu estágio segue. Seu outro erro foi não convocar gente especializada para lhe ensinar a tocar o Ministério. Pazuello esteve em Manaus, ficou três dias. A única coisa que o sensibilizou foi ver mortes em escala e deu declaração contrariando o seu “chefe” sobre medidas protetivas. Mas, o caos em Manaus segue. 

Bolsonaro, como um general, disse que “Pazuello é o melhor ministro da Saúde”. É uma opinião. O presidente tem seus interesses. Ao testar técnicos no cargo , Bolsonaro perdeu espaço na mídia. Com o general, ele é o protagonista. Faz parte do jogo político, mas não condiz com a pauta da saúde, preocupação de todos os brasileiros. 

De qualquer forma, devemos ressaltar o recuo de Bolsonaro, ao reconhecer a importância da vacina e autorizar sua compra. Aceitou a ajuda dos governadores e prefeitos para promoverem a vacinação e melhor: saberem que o presidente do Brasil pode ser um homem que tem seus momentos de lucidez.