segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Futuros e futurismo

Por Joaquim Cartaxo

Por múltiplos fatores, o século XXI começou e segue com incertezas políticas, socioambientais, culturais e tecnológicas. Todos os contextos presentes e futuros agravaram-se pela inesperada pandemia mundial da Covid-19. Daí acentua-se a importância de examinar as possibilidades de tais cenários, exercício analítico tocante à produção do conhecimento que congrega renomados pesquisadores em todo o mundo, denominado futurismo.

O futurismo é uma profissão. Todavia, ela não lê o futuro misticamente e sim, usa elementos reais para vislumbrar tendências quanto aos futuros prováveis. Sobre isso, Jim Dator, diretor do Centro de Estudos de Futuros da Universidade do Havaí, esclarece: "não existe apenas um futuro para ser previsto. Há vários futuros alternativos para serem antecipados e pré-experimentados em algum nível".

Consegue-se encontrar antecipação do futuro em todos os ramos de atividades, porém achamos na literatura as referências mais inventivas. Mostram isso as obras de Ievguêni Zamiátin, Nós; de George Orwell, 1984; de Isaac Asimov, Eu Robô; de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo; de Ray Bradbury, Fahrenheit 451; de Anthony Burgess, Laranja Mecânica; e mais atual a distopia de Veronica Roth, Divergente.

Outro exemplo, foi o alerta de Bill Gates durante a palestra "A próxima epidemia?", em 2015, ao conjecturar que "hoje, o maior risco de catástrofe global não se parece com uma bomba, mas sim com um vírus. Investimos muito em armas nucleares, mas bem pouco em um sistema para barrar uma epidemia. Não estamos preparados".

Gates argumentava com base nos estudos sobre o ebola. Acertou na advertência sobre a catástrofe global provocada por um vírus e despreparo para enfrentá-la. Caso Covid-19.

O futurismo nos ensina relativamente aos sinais dos futuros. Inócuo bater-se contra o futuro. Caso não o compreendamos, o futuro nos atropelará. Assim, planejar é apostar qual futuro podemos antecipar diante dos cenários plausíveis; é capacidade de adaptação rápida, ao longo do trajeto, quanto ao enfrentamento e superação dos desafios e aproveitamento das oportunidades portadoras de futuros.

Joaquim Cartaxo- arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE