domingo, 6 de dezembro de 2020

Exposição flutuante Aquavelas abre a décima edição do Encontro Sesc Povos do Mar

Obras de arte pintadas em velas de jangadas poderão ser vistas na orla de Fortaleza na manhã do dia 6 de dezembro, em uma grande celebração ao Ceará. Neste dia, será iniciada a edição comemorativa de 10 anos do Encontro Sesc Povos do Mar, uma rede comunitária que celebra a cultura e modos de vida existentes de comunidades costeiras do Estado. 

Dez artistas plásticos foram convidados para participar da Exposição AquaVelas, que homenageará povos e comunidades  litorâneas do Ceará. A partir de referências pessoais, eles buscaram trazer para as telas elementos que representam jangadeiros, pescadores, rendeiras, paisagens, texturas, cores, luzes e sensações despertadas pela relação dos cearenses com seus territórios. 

Os artistas Júlio Silveira, Vando Farias participam do Povos do Mar desde os primeiros anos e formaram, junto a  Zé Tarcísio, Edmar Gonçalves, Mano Alencar, Almeida Luz, Bia Soares, Efigênia Coelho, Totonho Laprovitera e Andréa Dall’Olio, o coletivo da Exposição Aquavelas. 

“Estamos sempre enxergando as redes que nos permeiam e acompanham nossas existências. Existem artistas que acompanham o Povos do Mar desde o primeiro ano, como o Júlio Silveira, que vem há dez anos trabalhando as fibras, a pintura e as artes plásticas”. Vando Farias foi a pessoa que apresentou ao Sesc representantes comunitários de Guajiru (Trairi) e, a partir de então, diversas lideranças daquele território integram o projeto e compartilham saberes e fazeres dentro desta grande rede de compartilhamento de experiências comunitárias, registra Paulo Leitão, consultor do Sesc, que integra a equipe de organização do projeto.  

O resultado do AquaVelas será exibido na regata de abertura do 10º Encontro Povos do Mar. No dia 6 de dezembro, das 8h30 às 11h, as velas estarão expostas na Enseada do Mucuripe (próximo ao Mercado dos Peixes) para apreciação do público. Em seguida, as jangadas passeiam pela orla de Fortaleza, podendo ser vistas a cerca de 200 metros da margem, navegando em direção ao Rio Ceará, onde encerram o trajeto por volta das 13h. 

Websérie

Todo o processo de preparação dos artistas para o projeto Aquavelas, bem como suas trajetórias e a relação com o mar foi registrado em uma série de vídeos que serão exibidos durante a programação dos 10 anos Encontro Sesc Povos do Mar. A websérie será transmitida pelo canal do Sesc Ceará no YouTube. 

Sobre o Povos do Mar

Há dez anos, a Rede Sesc Povos do Mar foi fundada com a participação de três grupos específicos: os moradores do entorno do Sesc Iparana Hotel Ecológico, pessoas conhecedoras da fitoterapia popular, que ensinaram a produção de lambedores, do óleo de coco, infusões com raízes, colorau, entre outros produtos naturais. Também faziam parte os  grupos da dança do Coco no Pecém e Iguape, pioneiros de uma rede específica no Povos do Mar da qual participam hoje 15 coletivos. Além destes, os barqueiros estavam presentes marcando a relevância histórica da região da Barra do Ceará.

Atualmente, mais de duzentas das comunidades litorâneas de 25 municípios integram o encontro, composto por cinco eixos: Meio Ambiente e Sustentabilidade; Cantos, Danças e Brincadeiras; Dragões do Mar, Feito à Mão e Saberes, Sabores e Saúde. São rendeiras, jangadeiros, barqueiros, marisqueiras, canoeiros, pescadores, mestres da cultura, brincantes de maracatus, reisados, mestres do Teatro de Bonecos que compartilham seus saberes e experiências. Neste ano a programação será transmitida pelas redes sociais e canal do Sesc Ceará no Youtube de 6 a 11 de dezembro.

Conheça os artistas


Almeida Luz

“Icapuí tem areias coloridas que me chamam atenção, gosto das imagens que o mar me proporciona, as embarcações, como barcos e as jangadas do Mucuripe, as cores, os peixes, tudo isso faz parte da minha arte, são fontes inspiradoras”, declara.

Andréa Dall’Olio

“Ser escolhida para fazer parte de um projeto tão importante para a cultura cearense, como o Povos do Mar, é um reconhecimento à minha produção. Tenho orgulho de ser uma artista cearense e essa oportunidade me proporciona uma maior ligação com a produção coletiva no Ceará, o que nos influencia positivamente. Também vejo como uma oportunidade de mostrarmos a força da arte cearense, diversa, múltipla e com linguagem rica e de incrível potencial

 Bia Soares

“Nós que somos cearenses crescemos na praia, no mar, e esse cenário é lindo. O mar, pra mim, traz uma sensação de liberdade, de pertencimento, de casa. É nessas horas é que eu sinto como sou privilegiada de tê-lo em qualquer época. Então meu trabalho sempre vai ter algo relacionado ao Ceará porque eu sou muito feliz em ser cearense. Tenho muito orgulho da minha terra e da minha cultura”, afirma. 

Edmar  Gonçalves

“O pescador me encanta, minha ligação com o mar é muito forte. Morei em Camocim e adorava observar esse movimento na praia. Os mestres canoeiros chegavam muito cedo e já iniciavam aquele ritual, sem precisar trocar palavras um com o outro, porque já assumiam os seus papéis, como se fosse uma verdadeira missão. Estou honrado em participar desse projeto tão lindo, que ressalta a cultura do Ceará seja na gastronomia, na feitura do artesanato, nas danças, nos costumes, histórias e tradições” 

Efigênia Coelho

“O trabalho com as areias coloridas que eles fazem é de uma grande preciosidade. As rendeiras também, muito delicado, tem que ser artista para saber fazer. Quando você vê aquele cara que está ali, dia após dia tentando vender o seu trabalho, você acaba se inspirando. É um trabalho abençoado”. 

Mano Alencar

“Um projeto desse é encantador, sedutor para nós artistas que gostamos de desafios. Pintar numa vela é muito bacana. Numa época dessa, em que os artistas estavam precisando de uma força, o Sistema Fecomércio chega e resgata todo mundo, dá a mão pra todo mundo, abrilhantando a carreira de todos” 

Vando Farias

“Desde o começo participo do Povos do Mar e tem sido uma experiência, mas também uma satisfação em retribuir com quem chega para essa troca de ideias e experiências.Nas minhas pinturas, nos meus trabalhos, tem sempre essa ênfase do mar, da praia, do pescador, do alimento da praia, que é tão rico e é uma coisa que une um todo” 

Zé Tarcísio

“É um momento muito significativo pra se comemorar. O projeto é muito lindo, que traz pessoas de todo o nosso litoral, que se reúnem para uma grande festa com o povo e as coisas do mar. É lindíssimo! Cada artista tem uma linguagem e isso junto dá uma coletiva fantástica. 

Júlio Silveira

“A gente ter essa cena de 10 trabalhos enormes passeando pelo mar de Fortaleza, né... Isso poucas cidades no mundo têm porque a jangada, em si, já é um estandarte. Ela será um espetáculo, sem dúvida! É uma honra poder participar e agora levando nossa arte pelo mar, pela beira mar. Quantas pessoas não irão ver esse trabalho! Isso não tem dimensão, não tem dinheiro que pague” 

Totonho Laprovitera

“É uma série que tem tudo a ver com a minha vida porque eu fui batizado, na vida mesmo, aos dois meses de idade, no mar. Eu acho que isso impregnou no meu espírito esse amor! Cai muito bem com essa proposta que fala do mar porque a vida vem do mar. Então isso mexe muito com a essência da gente e também do que a gente pensa da arte como instrumento de organização social”.”