quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

A necessidade da vacina coloca Bolsonaro e governadores sob pressão

A reunião do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com os governadores nordestinos, exibiu uma autoridade federal fria e sem planos para vacinar 240 milhões de brasileiros. 

Sem parcerias com laboratórios, o ministro que é responsável pela área vital do governo, por cuidar de vidas, simplesmente, anotou os apelos dos governantes. 

O cearense Camilo Santana foi duro com o ministro, ao dizer que é responsabilidade do governo federal coordenar a compra, distribuição e aplicação da vacina. Apelou para formalizar urgente a aquisição da Coronavac. “Precisamos tirar a vacina da pauta política “, disse claramente o governador cearense.

O turbilhão que envolve o governo Bolsonaro e os governadores na polêmica sobre a compra do imunizante terá capítulos duros. A pressão social supera a própria popularidade  dos agentes públicos. 

Não foi a toa que, antes da reunião com o ministro Pazuello, até Camilo Santana mostrou suas armas, ao anunciar diálogo com o Instituto Butantã e o governador João Dória para  comprar a vacina, na frente mesmo do governo Bolsonaro.  A estratégia do cearense é preservar vidas. Cada dia sem vacina são 15 mortes por dia. Com a vacinação, além de zerar os casos, fecha o ciclo de mortes. 

O Brasil inteiro está cobrando a vacinação do poder público. Milhões de brasileiros até pagariam pela vacina. Aliás, o que ocorrerá, em breve. Os laboratórios só não estão atuando nesse sentido para evitar uma grande corrida às clínicas de vacinação. Seria priorizar um núcleo social, indo  de encontro a questão universal dos direitos humanos, que prevê a a imunização como prioridade no efetivo combate às endemias e pandemias. 

O brasileiro lúcido, sabedor das dificuldades de um governo central que não dialoga com seus governadores e prefeitos, já sabe que teremos um Natal muito diferente. Na hora da ceia, a mesa estará incompleta, faltando um familiar, morto pelo coronavírus, o monstro que parou o mundo em 2020 e que seguirá vivo, entre nós, em 2021. 

Gonçalo Vecina, criador da Anvisa, a agência de Vigilância Sanitária Brasileira, pregou aviso, com uma frase para se meditar, antes de reunir familiares para o Natal. "Se quiser ter Natal em 2021, não vá a festas neste ano".