segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Recado das urnas mostra cenário preocupante para Lula e Bolsonaro

O domingo, 29, marcou o encerramento das eleições municipais no Brasil. Ao mesmo tempo, foi dada a largada para a pré-campanha presidencial de 2022. Além da difícil prova das urnas, está desenhado o cenário para o enfrentamento entre os líderes de  centro, centro-esquerda, centro-direita e as esquerdas. O eleitor definiu, muito bem,  o ambiente político que estaremos acompanhando até o próximo encontro com as urnas.

O PT, liderado pelo ex-presidente Lula, foi praticamente dizimado nas capitais e grandes municípios, com o eleitor exibindo, claramente, a repulsa aos erros cometidos pelas suas lideranças. Foi uma punição. A maior derrota é da cúpula petista, ao tentar impor candidatos e inviabilizar alianças de esquerda em quase todo o território nacional.

As lideranças de centro-direita e a direita foram isoladas pelo eleitor. Líder da direita no país, o presidente Bolsonaro acabou derrotado. O eleitor lhe impôs sinalização e alerta: é preciso governar, cuidar da Nação, gerar emprego e renda e olhar melhor para as áreas da saúde, educação e infraestrutura. O projeto de reeleição do presidente Bolsonaro precisará ser recalculado, para ganhar vigor e popularidade. Ele está olhando para o sinal amarelo, de advertência.

A nova centro-esquerda ou esquerda moderna,  batizada assim pelos gurus da intelectualidade política, saiu vitoriosa, dividindo o troféu com partidos de centro. No novo normal, a aposta foi mais no currículo de serviço prestado, na percepção de escolher quem se connhece, com ou sem pecados.

Claramente, o eleitorado, na perspectiva de errar menos, atropelou figurões e saiu do plano de reforçar, ao máximo, a aposta feita em 2018. A campanha de tiro curto, levou a população a perceber esse cenário de não arriscar. 

O pré-candidato Ciro Gomes foi o maior vencedor da eleição. Ficha limpa, popular, fez campanha em todo o país, nos palanques, caminhadas, carreatas e adesivaços, respeitando protocolos de combate ao coronavírus. Seus prováveis adversários desapareceram, correram dos palanques. Bolsonaro ainda ensaiou apoiar um seleto grupo de candidatos, mas isso destruiu candidaturas. No segundo turno, o presidente da República sumiu. Ficou batendo boca com seu espelho, no Alvorada. A maior derrota foi no Rio de Janeiro, sua base política. Lula fez algumas aparições, suficientes para dissolver candidaturas nas grandes cidades. No Ceará, as duas apostas dele foram Luizianne (Fortaleza) e o deputado Elmano Freitas (Caucaia). Ambos ficaram no 1° turno. Grande parte do PT apoiou adversários ou silenciou.

O último pretendente ao Palácio do Planalto em 2022, o governador paulista João Dória, se deu bem no interior paulista. Praticamente, assegurou a reeleição. Mas, quer bem mais. Pretende morar em Brasília. Dória apoiou Covas, mas usou um esconderijo para trabalhar esse adesão. O desgaste tirou o vigor da avaliação de Dória.

No período do novo normal, o eleitor fez alertas, indicou prováveis apostas para o futuro e disse claramente que pretende um país mais justo e produzindo energia política positiva.