sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Ciro, Lula e Bolsonaro endurecem discursos na reta final do primeiro turno

O presidente Lula aterrissou no Ceará e procurou um refúgio para evitar polêmicas. Estava na terra de Ciro Gomes, o candidato que prometeu apoiar em 2018 e não cumpriu o acordado. Lula veio ouvir candidatos do PT em Fortaleza e fora da capital. Saiu triste. O mapa político brasileiro vai ficar menos vermelho. Lula sabe disso. O problema não é apenas a sigla desgastada, mas a equivocada tática  usada para manter vivo o segmento esquerdista. Os partidos não se aliaram, inviabilizando eleitoralmente candidaturas com potencial. Lula nas suas gravações não ataca, valoriza os candidatos do PT e pede para comparar o hoje com os 13 anos de governos do PT. A alfinetada em Bolsonaro irrita o Palácio do Planalto. 

Na sua página na rede social, que é a mesma do PT, Lula tira a capa de bonzinho e desqualifica o governo Bolsonaro, a quem acusa de ter colocado o Brasil entre as nações onde o pobre vive na miséria, sem ter o que comer. "Nos governos do PT, pobre andava de avião, comia carne, tinha carro e lazer", diz Lula, ao defender seus dois governos e o de Dilma Rousseff.

Na outra ponta, além Brasília, Ciro Gomes não para de disparar contra Lula e Bolsonaro. Ele qualifica Bolsonaro de genocida, de ser corrupto, entreguista, ao deixar de proteger a economia nacional, em sinalização clara na relação do governo com empresas americanas. Bolsonaro vai ampliar seu apoio a candtdatos opositores de Ciro no Ceará. Por sua vez, Ciro vai subindo o tom.

O presidente Bolsonaro tem como meta impor uma derrota ao adversário, em Fortaleza. Não sabe como. A cada dia, direitistas que se escondiam, agora, se revelam, entram no jogo político. Até o final da campanha, novos rostos devem surgir, pondo mais energia no processo. Ciro e Bolsonaro estarão frente à frente, antes do dia da eleição. Lula não tem espaço nessa disputa.

No choque entre lideranças nacionais, o que vai sobrar, mesmo, é o cenário para 2022. Bolsonaro e Ciro Gomes são os únicos que se assumem publicamente como candidatos à presidência. A campanha municipal está estabelecendo o distanciamento claro entre a direita e a esquerda. "Essa direita boçal e corrupta não irá prosperar", comenta Ciro, todas as vezes em que ocupa espaço na mídia, para denunciar a tocada do governo Bolsonaro na área econômica. As palavras de Ciro estão repercutindo em Brasília. De forma silenciosa, o governo Bolsonaro se move no Ceará, usando todas as ferramentas para tentar ferir de morte o adversário. O pré-candidato do PDT sabe disso.