quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O plano de Ciro para chegar ao Palácio do Planalto


Poucos políticos brasileiros têm conhecimento sobre a máquina pública na mesma proporção de Ciro Gomes. Ele foi prefeito, governador, ministro da Fazenda e da Integração Nacional.  Sua passagem pelo Congresso Nacional, como o parlamentar mais votado no país, lhe deu, também, bagagem para o diálogo com o parlamento.

Mas, o que Ciro pretende fazer para chegar ao Palácio do Planalto e sentar na cadeira de presidente da República? Em entrevista à CNN americana no seu canal brasileiro, ele apresentou sua tática política. O líder do PDT pretende construir uma ampla aliança de centro-esquerda. Fugindo da pauta fisiologista, pretende conquistar o apoio do setor produtivo e suas representações, os profissionais liberais, os partidos e eleitores mais conservadores, a classe média e os trabalhadores. Seria um bolsão da salvação nacional, um pacto para desatolar o país. "Estou fazendo as críticas a um governo criminoso, destruídor de uma nação e sem projeto, oferecendo as saídas", disse Ciro, condenando atos do governo Bolsonaro.

A aposta dele, com seu amplo radar, se justifica. Ele aponta o dedo, sustenta posições e faz a proposta. Na questão ambiental, o pedetista considera sem lógica a briga de Bolsonaro contra o planeta, que defende a preservação da Amazônia e do Pantanal. "O que adianta você autorizar a queimada para plantar e criar gado, com o mundo inteiro lhe negando o mercado?", pontuou.

O PDT é uma legenda estratégica para o projeto de Ciro Gomes. O partido não tem desgaste com corrupção e maus feitos nos estados e em nível federal. A bandeira do trabalhismo se torna ampla, pode juntar patrões e empregados, servidores públicos, atrair profissionais liberais e todas as classes sociais. O rebanho conservador e os eleitores de esquerda colocariam Ciro no Planalto. Ciro domina qualquer debate, tem retórica, bagagem de conhecimento e sabe tocar a monstruosa máquina pública. Não será fácil, mas foi dada a largada da caminhada. Só o tempo dirá se os diversos segmentos da sociedade darão a oportunidade que Ciro está pedindo, construindo e viabilizando.

Na composição política para a disputa municipal nos 5.700 municípios brasileiros, Ciro tem articulado para injetar o PDT nas coligações. Estará com o PSB, o PC do B, o DEM, o PP e o PT, no maior número de municípios. Aliás, o DEM, através do seu presidente nacional, ACM Neto, anunciou que o seu partido marchará com Ciro na campanha presidencial de 2022. Um apoio importante, com peso eleitoral e carregado de força  política junto ao eleitorado conservador.

A realidade é que o Brasil precisa de um projeto, definir a política de desenvolvimento estável, como fez com o Plano Real, do qual Ciro participou. O eleitor brasileiro necessita entender que não existe salvador da pátria. No máximo, alguém que possa unir uma nação, fazer o Brasil crescer, gerando emprego, renda, esperança.