sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Bolsonaro vai enfrentar esquerda no Nordeste, mas não tem foco em Fortaleza


O presidente Jair Bolsonaro está com seu radar eleitoral virado para o Nordeste e o Sudeste. Ele precisa construir palanques no território nordestino. No Sudeste, venceu a eleição, sendo derrotado em todo o semiárido. Conquistou vitória em apenas dois municípios. Muito pouco. Os ministros Fábio Faria, da Comunicação, e Rogério Marinho, Desenvolvimento Regional, o senador Fernando Bezerra e líderes do centrão são os  guias para a empreitada.

O Planalto faz boas apostas no Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba. A meta é conquistar capitais e grandes cidades do sertão. Fortaleza está fora da agenda. Heitor Freire e Capitão Wagner não agregam. Freire é um desafeto e Wagner tem votado contra os projetos do governo na Câmara Federal. Eles não terão a presença de Bolsonaro nas suas campanhas. A reaproximação poderá ocorrer se Carlos e Flávio Bolsonaro sentirem que se se unindo aos dois podem ganhar a eleição, impondo derrota a Ciro e Cid.

Não se aferiu mais a popularidade de Bolsonaro na região nordestina. As sucessivas incursões pelo sertão mostram que ele segue crescendo. O prestígio é garantido pelo Auxílio Emergencial. O Bolsa Família mais robusto, afinal, são R$ 600.

Bolsonaro está querendo continuar a distribuir dinheiro entre os cadastrados do Bolsa Família e ampliar o bolo, com mais oito ou 10 milhões de beneficiários. Assim, se tornaria imbatível.
O caixa federal tem recursos para manter o Auxílio Emergencial por mais tempo. O centrão, que levou e está lidando, no Congresso, com a elaboração do Orçamento para 2021, busca uma saída. A ideia é criar um fundo para abrigar os programas sociais. Parece razoável para o governo. Fura o teto, que é a lei dos limites de gastos, impulsiona Bolsonaro e eleva o prestígio do parlamento. É uma jogada perfeita. O lance pode encontrar impedimentos nas manobras da oposição. Furar o teto é caminho certo para perder o mandato, se tudo não for ajustado com o Tribunal de Contas da União (TCU).

Bolsonaro virou a chave. Saiu do caos para a planície. Seu governo tem projetos para o Brasil, mas descobriu um nicho: concluir obras inacabadas do PT, a maioria no Sudeste e Nordeste, os dois maiores colégios eleitorais. A ideia está sendo colocada em prática por dois hábeis ministros: Rogério Marinho e Tarcísio Gomes de Matos, que participaram dos governos Lula e Dilma.

Por sua vez, Ciro Gomes, uma águia, está chamando Bolsonaro para a briga em Fortaleza. O presidente, bem informado, não assimilou o grau dos ataques de Ciro. Bolsonaro sabe que o ex-presidente Lula, que surfava em grande popularidade no Nordeste e no Ceará, nunca venceu Ciro em Fortaleza e nas grandes cidades do Ceará. Ele, por enquanto, não topa esse confronto. Vamos aguardar.