sexta-feira, 11 de setembro de 2020

A disputa entre os mesmos



A renovação política só existe da boca para fora na vida pública. Os ditos “novos” agentes públicos, que entrarão em cena, a partir da eleição, na verdade, terão sobrenomes conhecidos. É flagrante que o jogo só muda no primeiro nome. São suas famílias que disputam o poder em todo o Ceará. A exceção ocorre só nas grandes cidades, onde o eleitor é mais seletivo e a disputa foge ao controle da porteira.

Aqueles que não carregam sobrenome que exaltam o coronelismo no sertão, sofrem para conquistar o lugar de candidato e como tal são esquecidos, ficam fora do debate. Nos poucos casos, quando saem vencedores, perdem o mandato, pois a Câmara desfaz todo o serviço.

Não se pode considerar a alternância de poder entre famílias como algo criminoso, mas cabe análise histórica, com perspectiva de se apontar para o futuro e a expectativa de se promover uma virada na gestão pública.

No Ceará, quatro candidatos vão para o sexto mandato. Outros 11 estarão no quinto. A família no poder não e privilégio apenas dos conservadores. A esquerda tem a mesma prática. Em Quixadá, por exemplo, Ilário Marques, o petista da ala mais à esquerda do partido, está disputando o quinto mandato. Serão 20 anos.

O eleitor sabe bem das suas escolhas. A chegada, massificação e atual força da internet pode ser importante para a virada da opinião pública no campo eleitoral. A rede social abriu oportunidades para uma vasta gama de negócios. Isso deve acontecer, também, na política.

A eleição municipal de novembro receberá uma carga forte de apelo nas mídias sociais. Para a maioria dos marqueteiros, será a eleição via WhatsApp e Instagram. A preocupação é com o exagero das fake news. Os especialistas afirmam que 90% do conteúdo das redes sociais são mentiras. O Brasil, na eleição para governos estaduais e parlamento, elegeu a turma da internet. A maioria não produz nada, só fake news.

Seria bom um país com renovação. Construindo uma nova geração política, sem o ranço do carimbo familiar, que chefia territórios no mapa do Brasil. Cabe aos que pretendem entrar na vida pública ter coragem para o enfrentamento e sabedoria para permanecer no jogo da política.