segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Força do Auxílio Emergencial faz Bolsonaro avançar 17% na avaliação positiva no Nordeste


Imagina você passar de bandido a mocinho, em um piscar de olhos! Foi assim, de forma veloz, que a chave virou em favor de Bolsonaro, no Nordeste, segundo o Datafolha. No popular, ele foi da água para o vinho. A rejeição na região despencou de 52% para 35%. Bolsonaro recebeu o recado do eleitor nordestino: se mantiver o Auxílio Emergencial de R$ 600, terá respaldo eleitoral. O presidente tem 10 viagens agendadas para o Nordeste, até o final do ano. Está surfando na grana pública.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, pegou a mesma onda de Bolsonaro e está anunciando o fim do Bolsa Família, criado pelo ex-presidente Lula, e colocando no seu lugar o "Renda Brasil". R$ 300 vão estar, todo mês, no bolso dos cadastrados do Bolsa Família e de outros 10 milhões de pobres. Hoje, se paga, no máximo, R$ 200. O senador Jarbas Vasconcelos disse que a receita de comprar votos está sendo ampliada na "maior cara de pau e o TCU e o Judiciário estão calados".

A agressividade de Bolsonaro em visitar lugares onde se concentram os mais pobres não é novidade. Sarney, Fernando Henrique, Lula, Dilma e até o presidente Temer, o mais impopular do Brasil, fazia investidas nas comunidades pobres do Nordeste. Todos amparados em programas de distribuição de dinheiro.

A pesquisa Datafolha aponta para uma nova pauta política. Até onde vai o presidente Bolsonaro, na fúria de irrigar, com dinheiro público, bolsões de pobreza de Norte a Sul do país. O Auxílio Emergencial mexeu positivamente na avaliação do presidente em todas as regiões.

Os governadores não foram surpreendidos com o crescimento de Bolsonaro, a partir do momento em que colaram na figura dele o pai da ideia do Auxílio. Para os governantes, é natural. O importante é que o benefício seja mantido. A eleição será em 2022, ainda muito distante na avaliação dos gestores estaduais.

Para o eleitor de Bolsonaro, que buscava um homem público capaz de colocar a economia para funcionar, combatesse a corrupção e desse ponto final no estado paternalista, parece um pesadelo o novo estilo ou a virada no caráter político do presidente. Bolsonaro, simplesmente, trocou de eleitor. Saiu da classe média e fugiu do rico, se abraçando ao povão, numa curva que conta com 92% do eleitorado. Bolsonaro se agarrou aos pobres para salvar seu mandato e seu governo. Uma reviravolta. Em Belém, comeu no almoço pato no tucupí. Na Bahia, buchada de bode e, no Ceará, baião de dois e carneiro assado. Bolsonaro está engolindo os governadores como sobremesa .