Uma conversa ao vivo com a estudante de intercâmbio Vicky Adjalla, sob o título “Eu nunca pensei em falar sobre racismo antes de chegar no Brasil”, mostra episódios marcantes de racismo contra estudantes negros.
Vicky Adjalla é natural de Lokossa, no estado do Benim, na África Ocidental. Ela cursa Jornalismo na Universidade Federal do Ceará e seu tema de conclusão de curso é o racismo tendo como estudo de caso sua própria experiência e a de seus colegas africanos que estudam no Ceará.
O programa está no YouTube no endereço https://youtu.be/6RX0XRcF1LQ e foi conduzido pelos professores Luís Sérgio Santos (UFC-CE) e Flávia Seligman (RS) e teve a participação de Marcos Souza (Alemanha) e de Marlene Monou (MG). Marcos faz intercâmbio na Alemanha e Marlene, que também é do Benim (África), trabalha em Belo Horizonte.
Aos 15 minutos e 50 segundos da conversa, Vicky começa a relatar casos de racismo de que foi objeto em Fortaleza, onde mora. “O Brasil é mostrado como uma realidade totalmente diferente”, diz Vicky. “Sei que é culpa da mídia do meu país... Eles fazem mais propaganda do Brasil do que mostrar a realidade”. Aos 30 minutos e 54 segundos, ela relata um episódio onde um colega seu, também estudante, se dirige a uma pessoa para pedir informação e a pessoa sai correndo.
Aos 51 minutos, Vicky relata episódios de racismo que sofreu no ambiente universitário, onde faz o Curso de Jornalismo, no bairro Benfica.
A partir dos 56 minutos e 43 segundos, Vicky conta como foi rejeitada na formação de grupos de trabalhos acadêmicos na Universidade. A princípio, imaginou que acontecia somente com ela, mas conversando com seus colegas de outros países africanos, que estudam em Fortaleza e no Brasil, ouviu relatos similares. O assunto vai virar dissertação no seu trabalho de conclusão do curso de graduação em Jornalismo.
“No Benim, a gente pode até ter mil problemas, mas o racismo não é um deles”, escreveu Vicky na sua página na rede social Facebook. “Eu ouvia falar que em alguns países, algumas pessoas brancas não gostam de pessoas pretas. Porém, nunca havia presenciado nem vivenciado e não fazia a menor ideia de como isso podia ser difícil”. Mas, ela diz que o aprendizado no intercâmbio valeu a pena. “Se eu tivesse ficado no Benin, não teria história para contar quando eu voltar”.