sábado, 11 de julho de 2020

Como entidades viram a escolha do novo ministro da Educação


A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) e a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) aprovaram a escolha do pastor Milton Ribeiro para assumir o comando do Ministério da Educação (MEC). O anúncio do novo ministro foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro em rede social, nesta sexta-feira (10).

Em nota à imprensa, a Abmes destacou o que chamou de "currículo sólido" de Milton Ribeiro, que é, conforme a nota, "doutor em Educação, tem experiência em gestão universitária e um perfil discreto".

Para a Abmes, "este é um momento desafiador em consequência da pandemia da Covid-19 e toda a atenção será necessária para que a retomada segura das atividades acadêmicas presenciais". 

Na nota, a entidade afirma esperar que o novo ministro tenha "um diálogo propositivo em prol da educação superior de qualidade no país". A Abmes se colocou à disposição "para manter a contínua contribuição na pauta positiva das políticas públicas necessárias para ampliar a inclusão e a democratização do ensino superior, apoiando a volta do crescimento do acesso ao setor privado de educação superior".

Também, em nota à imprensa, a Fenep destacou a experiência profissional do novo ministro e desejou "pleno êxito na nova empreitada à frente dos desafios da educação brasileira". Segundo a nota, a escolha é "uma ótima notícia para fecharmos a semana", pois a entidade afirma ter assuntos pendentes para tratarem a Educação como pauta prioritária no Brasil.

Para a entidade, que representa um segmento composto por mais de 40 mil instituições, este é um momento que "merece total atenção devido ao atual cenário que vivemos, em decorrência da Covid-19, somado à reabertura das escolas, com a modalidade presencial".

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) vê a nomeação de Milton Ribeiro como uma ameaça ao estado laico. Para a entidade, que representa sindicatos de professores em todo o país, a escolha "representa um enorme retrocesso ao país".

"O ineditismo de termos agora no país um ardoroso evangélico a ocupar o cargo de Ministro da Educação indica um afronte contundente à laicidade do Estado: o pastor Milton Ribeiro, da Igreja Presbiteriana de Santos, é ligado à Universidade Mackenzie. Seu doutorado na USP versou sobre o calvinismo no Brasil e é um especialista no Velho Testamento da Bíblia. À sua filiação religiosa, não cabe nenhum interdito, já que todos têm o direito a seguir qualquer religião no país, princípio assegurado constitucionalmente. O que nos causa indignação é o cargo a que este senhor está sendo nomeado agora: a educação brasileira é e deve ser sempre marcada pelo seu caráter laico e republicano, agora sob risco de um ministro que, segundo informações veiculadas na imprensa, é visto como 'terrivelmente evangélico'", afirma a CNTE.