sexta-feira, 5 de junho de 2020

BNB precisa sair do balcão político


Escrevi, aqui, sobre o sumiço e o descaso da bancada do Nordeste com a região. Também, pontuei a pouca contribuição dos novos deputados federais e senadores em defesa dos interesses regionais. Alertei que o novo presidente do BNB era um homem que trazia na bagagem os vícios de Brasília. A resposta que recebi sobre a leitura política foram ataques, comentários lamentáveis e reprováveis. Todas as críticas que me foram feitas se basearam em retóricas repetidas, narrativas de sempre. Nada concreto.

O BNB foi ofertado como moeda de troca. Tipo assim: deputados federais e senadores do centrão, estamos entregando a vocês o BNB , um banco de desenvolvimento dos "paraíbas”, “cabeças chatas”, fiquem com aquilo lá e me garantam os votos no Congresso Nacional . Fiquem, também, com o DNOCS, a SUDENE, CODEVASF e o que mais quiserem por lá". Foi desse jeito. Até agora, nenhum parlamentar do Nordeste fez qualquer comentário sobre a marmelada ou negociata  montada para nomear o presidente do BNB e, em breve, sua diretoria. A nomeação e demissão do último,  em menos de 24 horas, mostra o desprezo do governo federal com a instituição financeira que é a chama principal do desenvolvimento da região com maior número de Estados.

Todo cearense sabe que, até pouco tempo, o BNB ocupava as páginas policiais e não as manchetes econômicas. O banco, que é responsável por 70% de todo dinheiro que financia o comércio, a indústria e o microcrédito, não pode ser colocado na mesa política, como se não tivesse valor no contexto de nação. É hora de proteger o Banco. Se esse governo do presidente Bolsonaro, que foi eleito eleito prometendo acabar com o “toma lá, dá cá” e nomear técnicos, não honra o compromisso, a palavra empenhada. 

Uma lei poderia criar critério para a indicação do presidente de um banco como o BNB, que movimenta mais de R$ 600 bilhões, anualmente, nas suas diversas carteiras. Mais importante: um banco que empresta dinheiro a 2% ao ano, contra os 80% dos bancos privados, não deve atender ao interesse do ministro Paulo Guedes, um homem que odeia o  serviço público.

A título de contribuição é importante que os governadores nordestinos, olhando para a omissão de parlamentares da região, assumam o papel de interlocução e defesa do BNB . O item número um seria definir critérios para se montar um corpo diretor à altura da região nordestina. Uma parte do Brasil que precisa de um olhar sério por parte de qualquer governo