sábado, 9 de maio de 2020

Um respirador está valendo R$ 300 mil reais e é a mercadoria mais disputada no planeta, antes da pandemia custava R$ 60 mil


O preço dos respiradores e ventiladores – aparelhos necessários para atender os doentes graves contaminados pela Covid 19 – subiram mais de 211% em uma semana. A apuração foi feita junto a técnicos dos governos que estão tentando adquirir esses equipamentos.

Segundo o relato de um profissional, o respirador, que geralmente custa US$ 17 mil, começou a ser negociado a US$ 24 mil. O preço subiu praticamente todos os dias, avançando para US$ 33 mil, US$ 40 mil, US$ 43 mil e estava em US$ 53 mil nesta terça-feira (7).

Os chineses são praticamente os únicos fabricantes mundiais de respiradores, ventiladores e suas peças. Os técnicos não estão conseguindo negociar direto com as empresas fabricantes, mas com distribuidores locais. Também tem aparecido vários atravessadores aqui no Brasil.

Um fator que dificulta a compra dos aparelhos é a disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores. A compra é descentralizada – Estados e municípios buscam no mercado o que precisam e acabam competindo entre si e elevando os preços.

Pelos cálculos do governo federal, o país vai precisar de 15 mil respiradores e já teria encomendado – sob diferentes vias – 12.750. Alguns especialistas apontam, porém, que podem ser necessário 30 mil aparelhos se a doença se espalhar.

Outro problema é esses equipamentos efetivamente chegarem ao país. A concorrência global é intensa.

Sob coordenação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as empresas estão tentando se organizar para produzir os ventiladores no país, mas não está fácil.

O Brasil tem apenas cinco fabricantes de respiradores, todas de pequeno porte e uma delas em recuperação judicial. Além disso, utilizam muitas peças importadas da China. A mais rara é uma válvula necessária para que os respiradores funcionem.

As gigantes Flextronics, Positivo e Weg se associaram a essas empresas locais para elevar o volume de produção, no entanto, esbarram na falta de componentes. Klabin e Suzano colocaram seus times de “supply chain” para tentar encontrar as peças. Existe até uma tentativa de “ressuscitar” um respirador antigo, que ficou fora de linha.

Na USP, UFRJ e UFMG, pesquisadores tentam desenvolver um produto 100% nacional, porém, quando estiver finalizado, é preciso homologação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Embora a produção dos respiradores seja urgente, os produtos devem estar plenamente funcionais para evitar risco à vida dos pacientes e também processos jurídicos, cíveis e até criminais para as empresas envolvidas.