O Supremo Tribunal Federal determinou que governadores e prefeitos podem decidir sobre o isolamento social. Essa foi a resposta da corte sobre consulta da Câmara e do Senado. Bolsonaro não manda no Brasil. Os outros dois poderes da República (STF e Congresso) o deixaram "manco", um adjetivo que designa necessidade de muletas ou apoio para seguir em frente.
Se Bolsonaro queria mandar embora o ministro Mandetta por desobediência ao seu desejo de ver a população na rua e recebendo cloroquina, enfrentará mais dificuldades para ver seu desejo realizado: terá que combinar com o STF, governadores, prefeitos, Câmara, Senado e a população. Só com um grupo de empresários, não basta.
Não se tem na história recente da República um presidente popular tão esvaziado de poder impondo leis. "Ao inimigo a lei", parece a regra para conter Bolsonaro e seus filhos. Seria simples para o presidente negociar, mediar acertos, abrir caminhos para alcançar suas metas. "O confronto tem sido sua pauta, alguém tem que lembrar ao chefe da Nação que estamos todos sob uma constituição que garante o direito a todos, principalmente de pensar", disse o ministro Marco Aurélio .
Manco, Bolsonaro vai para o enfrentamento do coronavírus abatido. Não poderá acabar com o isolamento. A cloroquina só poderá ser usada por determinação médica. Bolsonaro tem um merito, continua dividindo com o coronavírus a atenção da opinião pública.