Atitude corajosa, para uma maioria. Gesto inadequado, para outros tantos. Falo a respeito do senador Cid Gomes ao usar uma retroescavadeira para retirar do quartel da polícia de Sobral um grupo de mascarados armados. Eles usaram viaturas da PM para intimidar a população, mandando as pessoas para suas casas, ordenando o fechamento do comércio e exibindo armas. Isso despertou as autoridades. Do episódio, Cid Gomes saiu com dois tiros, poderia ter saído morto, era o desejo dos que atiraram. Os ministros do STF decidiram informar que policial não pode fazer greve. O presidente Bolsonaro mandou 500 homens para o policiamento de rua e o Congresso Nacional quer votar um Código de Disciplina, impondo regras para recrutamento e permanência nos quadros das forças de segurança.
Os maiores responsáveis por toda a indisciplina são as estruturas do Estado. Nas greves do Ceará, Bahia e Espírito Santo, o Congresso Nacional aprovou anistia aos policiais grevistas, passando por cima de governos estaduais, que os expulsaram. No Rio de Janeiro, foram anistiados milicianos. Aliás, aquele estado tem exposto o resultado da junção de policiais marginais, políticos corruptos e autoridades ligadas ao crime. Hoje, exibe quatro ex-governadores presos, além de juízes de tribunais, deputados e secretários na cadeia.
A atitude corajosa de Cid Gomes, ao enfrentar de peito aberto policiais que não poderiam estar no quadros da PM, serviu para a sociedade acordar. Também, para o Judiciário despertar e os governantes começarem a mudar seus conceitos, ao atenuar decisões envolvendo pessoas que têm o poder de matar, julgar, fiscalizar e aplicar as leis.
O que está acontecendo no Ceará estraga todo um esforço para turbinar sua economia geradora de empregos, por meio do turismo, do intercâmbio entre empresas, dos investimentos pesados para atrair investidores. Os efeitos do motim da PM disseminam a imagem de um estado dominado por bandidos. Fica o alerta!